Globo a crescer

Parceira brasileira da SIC tenciona expandir-se 0,2% e vai entrar em força na transmissão de programas através dos telemóveis. A nova programação entrou ontem no ar.
Entretanto, apesar da pouca adesão à TDT, a maior estação da América do Sul vai apostar no digital, até por uma questão de 'status'.

A TV Globo, parceira da SIC, começou ontem a sua nova programação de 2009. A emissora da família Marinho, líder incontestável da televisão em sinal aberto no Brasil, pretende crescer 8% este ano, contra a expansão de 13% em 2008. Ou seja, enquanto, para a economia brasileira, se prevê uma queda de 0,2%, a TV Globo manifesta intenção de expansão em ano de crise mundial.
Tradicionalmente, a TV Globo suspende sua programação normal em Janeiro - que coincide com o Verão no hemisfério sul - e só volta à rotina em Abril. No início do ano aumenta o número de filmes e, há nove anos seguidos, a empresa mostra, em horário nobre, o Big Brother Brasil - programa que tem boas audiências, mas é considerado pela crítica como "de baixo nível", bem abaixo do chamado "padrão Globo de qualidade".
Se o Big Brother - que terminou dia 6, tem boas audiências e más críticas, o mesmo não ocorre com a telenovela Caminho das Índias: a história de Glória Peres está a dar bons resultados e a ser elogiada pela maioria dos críticos como uma produção de elevado nível técnico e artístico. O oposto das reacções que a telenovela brasileira tem tido em Portugal (nem boas audiências, sempre nos últimos lugares do Top 15, nem boas críticas, considerada demasiado artificial na estética).
Além de líder na TV em aberto - o segmento mais rentável - a TV Globo aproveita o facto de a lei brasileira não estipular limites para grupos de comunicação. A empresa é líder na televisão por cabo e nos portais da Internet. Tem duas grandes redes nacionais de rádio, com as marcas Globo - programação popular - e CBN - estilo all news, com notícias sem parar para um público mais exigente; o grupo edita a revista semanal Época, controla três jornais (O Globo e Extra, no Rio de Janeiro e Diário de São Paulo, em São Paulo; e tem 50% (a outra metade é do Folha de São Paulo) do jornal económico Valor.
Durante a conferência de imprensa para anunciar a nova programação deste ano, o director Octávio Florisbal revelou que os telemóveis vão ser a segunda maior fonte de difusão da televisão, atrás apenas dos aparelhos de recepção comuns: os tradicionais televisores ou os LCD. Assim, a TV Globo pretende emitir os seus programas em telemóveis e acredita que esse instrumento será mais importante do que a Internet de banda larga para transmitir televisão. De início, nos telemóveis não se poderá ter acesso a toda a programação, mas apenas ao resumo dos noticiários, desporto e outros programas. Um telemóvel capaz de receber formatos de televisão custa à volta de 400 euros no Brasil, mas prevê-se que, ainda este ano, o preço cairá para uma quantia bem mais acessível aos bolsos de parte da população: os 100 euros.
Na programação de televisão propriamente dita, a Globo promete mais entradas em directo dos jornalistas e uma linguagem ainda mais informal, já que a informação no Brasil sempre teve um estilo muito próximo da maioria da população, ao contrário do que acontece, por exemplo, na Europa. Haverá equipas móveis em Brasília, a capital do país, além das que já existem em Rio de Janeiro e São Paulo.
Já o noticiário desportivo terá programas mais interactivos e integrados com as novas tecnologias, para acompanhar as tendências que se registam um pouco por todo o lado. Com 12 correspondentes no mundo, a TV Globo agora conta com um representante na África do Sul, para levar notícias do país que receberá o Mundial de futebol de 2010. No total, a TV Globo usa quatro mil jornalistas, muitos de estações independentes, mas vinculadas à televisão-líder.
Outro desafio da mais importante estação da América do Sul, é ampliar a difusão da televisão digital terrestre (TDT) - algo que não emociona o público, mas parece trazer status às estações de TV e, além disso, um dia, em todos os países, todos os aparelhos de recepção de TV serão digitais. De facto, a TDT no Brasil não está a ter grande receptividade por parte da população.
A TV Globo informou ainda que, no momento, atinge 178 países, seja com emissões especiais ou através da venda de novelas.

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